sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O meio determina


Ela queria ser a princesa, sempre sonhou com o vestido lilás.
Mas esse papel já havia sido ocupado... de fora é que ela não ia ficar, mas não se esqueceram dela, já que o importante é participam, lhe deram o papel de bruxa.
Ela relutou. Não era para ela, não servia, não combinava.
Mas ninguém disse que ela tinha escolha, o teatro já havia sido escrito, o seu papel era apenas seguir as linhas tortas do texto quase impossível de ler.
Lhe foi entregue o grande nariz postiço e um chapéu preto. Não se engane pensando que o chapéu era bonito, nem ao menos era agradável; o seu preto era desbotado, surrado...como se por ali já tivesse passado muita maldade, muitas histórias.
Aos poucos tudo ia mudando em sua vida, ser uma bruxa já vinha com uma serie de adjetivos, e nenhum deles se encaixa no socialmente aceitável.
As súplicas dela, ninguém ouvia.
A mocinha parava para observa-la, mas quando lembrava da maça envenenada que um dia ela ganhara, tratava logo se de afastar;
O príncipe, a quem todos chamavam de bom cavaleiro e gentil, nem se dava ao trabalho de olha-la, não era nada pra ele.
Diante de tudo, diante de todos, ela começou a entender que bruxas não são bruxas pelas roupas, pela aparência ou pelas atitudes; bruxas só existem porque as pessoas criam elas...
E de donzela inegável, ela se tornou uma bruxa temida. Sem escolhas, o seu papel fora cumprido...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Me mostre como sempre acreditar

Ela vai viajar, se divertir, descontrair. 
Vai tomar um porre, fazer besteiras e se divertir. 
Vai fazer uma tatuagem, ter um filho e escrever uma música. 
Aprenderá a tocar violão, a dirigir e a pilotar. 
Vai amar e ser amada. 
Vai viajar pelo mundo conhecendo tudo e todo mundo.
Terá poucos amigos nessa jornada, mas eles estarão la desde o inicio ate o fim.
Fará burradas, mas terá histórias para contar.
Vai brigar, vai ganhar, vai perder.
Vai gritar e ouvir; vai cantar, vai viver. 
Ela quer salvar o mundo, mas antes disso vai acordar para ser feliz....

Não tem mais jeito o vento sopra

Ela ainda lembrava das suas palavras, da sua voz, e da sua convicção.
Lembrava da cor do seu cabelo, da textura da sua pele e do toque de suas mãos; do seu gosto, do seu cheiro, do seu abraço...
Apesar do tempo, ela ainda sabia a qual era a sua música favorita, o seu inimigo declarado, seus sonhos e seus medos.
Sabia também qual sua cor favorita, o que dizer quando ele ficava brabo e o que fazer para irrita-lo.
Lembrava muito bem do calor do seu corpo, do seu jeito de menino marrento e o modo como olhava para ela, e aqueles olhos amendoados ela jamais ira esquecer.
E quando fechava os olhos, era como se estivessem na praia novamente, brincando na areia e brigando contra as ondas. Olhando as estrelas abraçados sobre sua jaqueta marrom insubstituivel.
Ela é capaz de lembrar de cada detalhe dele, mas felizmente, ela não lembra mais como é ama-lo.